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Os segredos do cheque especial: como funciona e como calcular os juros

O cheque especial é um dos produtos financeiros mais utilizados pelos brasileiros. Apesar de ser uma linha de crédito acessível e estar sempre disponível nas contas correntes, seu uso inadequado pode trazer sérios problemas financeiros.

Com juros altíssimos e cobrança automática, o cheque especial tem sido apontado como uma das principais causas do endividamento no Brasil.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 76% das famílias brasileiras estão endividadas, e o uso do cheque especial é um dos fatores que contribuem para esse cenário.

Para evitar o impacto negativo nas finanças, é essencial compreender como funciona essa modalidade de crédito, suas taxas de juros e as formas de evitar o descontrole financeiro.

Os segredos do cheque especial como funciona e como calcular os juros
Cheque especial pode ser alívio momentâneo, mas deve-se atentar para as taxas de juros – Crédito: Jeane de Oliveira / procredito360.com.br

O que é o cheque especial

O cheque especial é uma linha de crédito rotativa oferecida automaticamente pelos bancos para seus correntistas. Funciona como um empréstimo pré-aprovado que pode ser utilizado quando o saldo da conta se esgota.

Ou seja, mesmo sem dinheiro na conta, o cliente pode continuar a realizar saques e pagamentos, utilizando o limite extra disponibilizado pelo banco.

Essa linha de crédito é bastante atrativa para quem precisa de dinheiro rápido, já que o valor está sempre disponível e não requer uma solicitação formal ou análise de crédito a cada uso. No entanto, as altas taxas de juros tornam o cheque especial uma das modalidades de crédito mais caras do mercado.

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Como funciona o cheque especial

O cheque especial é acionado automaticamente quando o saldo da conta-corrente do cliente se torna negativo. Assim que o valor disponível na conta acaba, o banco começa a liberar o limite do cheque especial.

No entanto, essa facilidade de acesso ao crédito vem acompanhada de juros altos, que são cobrados diariamente sobre o valor utilizado.

Por exemplo, se um cliente tem R$ 200 em sua conta e faz um pagamento de R$ 300, ele utilizará R$ 100 do cheque especial. Esse valor começará a gerar juros imediatamente, até que o cliente deposite dinheiro suficiente para cobrir o saldo devedor.

Uma particularidade importante é que os juros do cheque especial são compostos, ou seja, a taxa é aplicada diariamente sobre o valor total, incluindo os juros já acumulados nos dias anteriores. Esse fator faz com que a dívida cresça rapidamente, tornando difícil o pagamento integral após um período de uso prolongado.

Métodos para calcular os juros do cheque especial

Os juros do cheque especial são um dos mais altos do mercado financeiro. Em 2024, as taxas anuais podem ultrapassar 213%, conforme dados do Banco Central. Para calcular o valor dos juros diários, é importante conhecer a taxa mensal cobrada pelo seu banco, que costuma variar entre 7% e 8%.

Para exemplificar o cálculo, imagine que você utilize R$ 500 do cheque especial por 30 dias, com uma taxa mensal de 7%. A fórmula básica para calcular os juros seria:

Juros = Valor utilizado x taxa diária x número de dias

Se a taxa mensal é de 7%, a taxa diária é de aproximadamente 0,23%. Portanto, os juros cobrados após 30 dias serão:

Juros = R$ 500 x 0,23% x 30 = R$ 34,50

Esse valor será somado ao total da dívida inicial, e os juros continuarão sendo aplicados sobre o novo saldo. É fácil perceber como essa dívida pode se tornar insustentável com o passar do tempo.

Vale a pena usar o cheque especial?

O cheque especial deve ser utilizado com muita cautela. Por ser uma linha de crédito de fácil acesso, muitas pessoas o utilizam sem perceber que estão contraindo uma dívida com juros elevados.

Na maioria dos casos, especialistas financeiros recomendam evitar essa modalidade de crédito, pois existem alternativas mais baratas e menos arriscadas.

Se for absolutamente necessário usar o cheque especial, o ideal é que o valor seja pago o mais rápido possível, preferencialmente dentro de 10 dias, para evitar a cobrança excessiva de juros.

Alguns bancos oferecem prazos sem juros, mas mesmo assim há a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) desde o primeiro dia de uso.

Estratégias para sair do cheque especial

Para quem já está utilizando o cheque especial e deseja sair dessa linha de crédito, o primeiro passo é organizar as finanças pessoais e buscar alternativas de crédito com juros mais baixos, como o crédito consignado ou o empréstimo com garantia.

Muitos bancos permitem o parcelamento da dívida do cheque especial, oferecendo condições melhores de pagamento e taxas de juros menores. Outra opção é contratar um empréstimo pessoal para quitar o saldo devedor. Dessa forma, o cliente sai do cheque especial e evita a bola de neve dos juros compostos.

Dúvidas comuns sobre o cheque especial

Qual o prazo para pagar o cheque especial?

O prazo de pagamento do cheque especial varia conforme o banco. Algumas instituições financeiras oferecem até 10 dias de isenção de juros, enquanto outras começam a cobrar a taxa desde o primeiro dia de uso. Por isso, é importante verificar as condições específicas do seu contrato bancário.

Por que os juros do cheque especial são tão altos?

Os juros do cheque especial são altos porque essa linha de crédito não exige garantias do cliente. Como o banco libera o valor automaticamente, sem qualquer análise de crédito, ele assume um maior risco de inadimplência, o que justifica a elevação das taxas cobradas.

O que acontece se não pagar o cheque especial?

O não pagamento do cheque especial pode gerar uma série de consequências, como a inclusão do nome do cliente em cadastros de inadimplência (SPC e Serasa), a cobrança de juros sobre juros e, em alguns casos, a redução do limite de crédito oferecido pelo banco.

Portanto, o cheque especial é uma ferramenta financeira que pode ser útil em situações emergenciais, mas seu uso deve ser restrito e controlado. As altas taxas de juros e a cobrança diária tornam essa modalidade de crédito extremamente cara e perigosa para a saúde financeira dos consumidores.

A melhor estratégia é evitar o uso recorrente do cheque especial, manter um bom planejamento financeiro e, se necessário, buscar alternativas mais baratas de crédito. Com organização e consciência, é possível evitar o endividamento e manter as finanças pessoais em ordem.

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