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Veja quais ações brasileiras podem disparar (ou despencar) com a eleição de Trump

A eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos tem potencial para influenciar os mercados globais e impactar diretamente o cenário econômico do Brasil.

Analistas do mercado financeiro observam que o retorno do republicano à Casa Branca pode desencadear uma série de ajustes no valor do dólar, nas taxas de juros e nas políticas comerciais dos EUA.

Essas mudanças tendem a afetar setores específicos da economia brasileira, como o agronegócio, a indústria e o mercado financeiro.

A alta do dólar e a elevação dos rendimentos dos títulos americanos são alguns dos efeitos esperados que poderiam impactar tanto as exportações brasileiras quanto as empresas que dependem de importações e financiamentos em moeda estrangeira.

Veja quais ações brasileiras podem disparar (ou despencar) com a eleição de Trump
Trump eleito: o que muda nas ações no Brasil? – Crédito: Wikimedia Commons

Dólar alto e juros: a resposta do mercado global

A vitória de Trump sinaliza uma possível valorização do dólar, com impacto direto nas economias latino-americanas. A expectativa de políticas inflacionárias nos EUA, como tarifas sobre produtos importados e limitações na imigração, pode fortalecer o dólar.

Essa pressão cambial pode afetar a competitividade do real e elevar a necessidade de ajustes na taxa de juros brasileira.

Para especialistas, o Banco Central do Brasil pode enfrentar pressões para conter uma possível inflação importada, o que tende a encarecer o crédito no mercado interno, dificultando o acesso a capital por parte das empresas brasileiras.

A postura econômica de Trump, com propostas de incentivo ao setor energético e à produção doméstica, pode acelerar a queda nos preços do petróleo.

Essa expectativa é vista como um estímulo aos investimentos no setor de energia dos EUA, o que, por sua vez, cria desafios para os países exportadores, como o Brasil, que dependeriam de um mercado de petróleo valorizado para manter margens de lucro competitivas.

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Setores beneficiados: agronegócio e exportações de commodities

O agronegócio brasileiro, especialmente as empresas voltadas à exportação de grãos e carne bovina, pode ser um dos setores mais beneficiados pela reeleição de Trump.

Durante seu primeiro mandato, a guerra comercial entre EUA e China gerou oportunidades para produtores brasileiros, que passaram a ser alternativas à demanda chinesa por produtos agrícolas.

Empresas como SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3) estão entre as principais candidatas a aproveitarem uma possível continuidade dessa dinâmica comercial.

Outro setor que pode observar ganhos é o de mineração e siderurgia. A empresa Gerdau (GGBR4), que possui operações significativas nos Estados Unidos, pode se beneficiar de uma eventual imposição de tarifas sobre produtos chineses, o que elevaria a demanda por aço nos EUA.

Esse cenário favorece o aumento dos preços, criando condições para que empresas com produção nos Estados Unidos, como a Gerdau, ampliem seus ganhos.

Petróleo e gás: as oportunidades para Petrobras e Braskem

O setor de petróleo e gás pode ter perspectivas de crescimento com o incentivo à produção energética doméstica nos EUA. Empresas brasileiras como Petrobras (PETR4) podem ver uma abertura no mercado americano caso as políticas fiscais de Trump favoreçam o setor energético.

Entretanto, a queda nos preços globais de petróleo, impulsionada pela expansão da produção nos EUA, pode gerar uma pressão contrária, afetando as margens de lucro da Petrobras.

A Braskem (BRKM5), por outro lado, tem uma posição estratégica vantajosa devido à sua receita atrelada ao dólar e aos custos em reais.

Com a possível valorização da moeda americana e a baixa no preço dos insumos petroquímicos, a Braskem pode encontrar um cenário propício para crescimento e expansão de suas operações, consolidando-se como um dos principais players do setor petroquímico.

Empresas em risco: varejo e aviação sob pressão

Enquanto algumas empresas poderão colher frutos do cenário econômico, outras enfrentarão desafios consideráveis. As empresas de varejo, como Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3), podem ser prejudicadas pela valorização do dólar, que eleva os custos de importação e afeta as margens de lucro.

O setor de aviação, com destaque para Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), também é altamente impactado, pois o encarecimento de combustíveis e de contratos de leasing em dólar eleva os custos operacionais e limita as possibilidades de expansão.

Além disso, o setor de construção civil, dependente de insumos importados, enfrenta uma situação de vulnerabilidade. Com o aumento do endividamento e a elevação dos custos de produção, as empresas do setor terão que ajustar suas estratégias para mitigar os efeitos do cenário econômico internacional.

Impacto da política protecionista e acordos comerciais

Historicamente, o governo Trump adota uma postura protecionista, o que implica em uma reavaliação de acordos comerciais e o aumento de tarifas sobre produtos chineses. Essas medidas poderiam reduzir a competitividade das exportações latino-americanas para os EUA e China.

Para o Brasil, que possui uma grande dependência das exportações de commodities, essa política representa um desafio para o desenvolvimento de parcerias comerciais sólidas, especialmente em setores como o agronegócio e a mineração.

Empresas brasileiras com uma forte exposição à China, como exportadores de produtos industrializados, também podem enfrentar obstáculos, uma vez que a desaceleração econômica chinesa afeta diretamente a demanda por esses produtos.

Esse cenário exige que as empresas reavaliem suas parcerias estratégicas e considerem a diversificação de mercados como alternativa para mitigar os impactos de uma eventual retração nas trocas comerciais com os principais parceiros globais.

Ações em destaque: apostas e recomendações dos analistas

Analistas de instituições financeiras, como o Bradesco BBI e a XP Investimentos, destacam algumas ações que podem se beneficiar ou sofrer com o novo cenário político-econômico dos EUA. Entre as ações de destaque estão:

  • SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3): empresas do agronegócio que podem ver uma demanda crescente de grãos brasileiros.
  • Gerdau (GGBR4): no setor de siderurgia, com potencial de aumento na demanda local com tarifas sobre produtos chineses.
  • Braskem (BRKM5): beneficiada pela valorização do dólar e redução nos custos de produção petroquímicos.

Contudo, analistas recomendam cautela com ações atreladas ao petróleo, como Prio (PRIO3) e Brava (BRAV3), devido ao risco de queda nos preços da commodity.

O segundo mandato de Trump, caso seja pautado por uma política econômica expansionista e protecionista, poderá trazer uma nova configuração de desafios e oportunidades para empresas brasileiras.

A avaliação cuidadosa de ações e setores específicos é fundamental para investidores que buscam aproveitar o cenário volátil, enquanto se protegem contra os riscos de desvalorização cambial e impacto nos custos operacionais.

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