A automatização dos serviços públicos tem sido uma tendência crescente nos últimos anos, e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não ficou de fora dessa transformação.
Com o objetivo de tornar os processos mais rápidos e eficientes, o INSS adotou o uso de uma inteligência artificial, conhecida popularmente como “robô do INSS”, para auxiliar na concessão de benefícios previdenciários.
No entanto, essa tecnologia, que deveria facilitar a vida dos segurados, tem gerado preocupações entre especialistas e advogados.
Embora o robô tenha sido projetado para automatizar e agilizar as análises, sua falta de sensibilidade para detalhes específicos pode acabar prejudicando muitos trabalhadores e aposentados.
Como o robô do INSS trabalha?
O robô do INSS foi desenvolvido para analisar de forma automática as solicitações de benefícios previdenciários, como aposentadorias, pensões e auxílios.
Utilizando inteligência artificial, ele processa as informações inseridas pelos segurados, como tempo de contribuição, idade e documentos apresentados. O objetivo é acelerar o processo de concessão, que muitas vezes era lento e repleto de burocracia.
Em vez de aguardar uma análise manual, o robô verifica os dados em um tempo muito mais rápido, reduzindo o prazo para a resposta sobre a solicitação. Contudo, essa agilidade vem acompanhada de algumas limitações que podem impactar a decisão final.
O principal problema apontado pelos especialistas é que o robô não considera particularidades importantes que podem influenciar o cálculo dos benefícios.
Especialistas explicam que a ferramenta não faz análises aprofundadas de fatores como tempo especial de serviço, exposição a periculosidade ou condições insalubres.
Esses detalhes, que muitas vezes são essenciais para um cálculo justo da aposentadoria, passam despercebidos pela inteligência artificial. Isso pode resultar em concessões erradas ou até mesmo em negativas para aqueles que têm direito ao benefício.
Dessa forma, apesar da rapidez, o robô pode falhar em oferecer uma análise completa e detalhada das condições de cada segurado.
Além disso, outro aspecto que preocupa é a rigidez dos critérios utilizados pelo robô. Ele se baseia estritamente nos documentos e dados fornecidos pelo segurado, sem levar em conta interpretações ou flexibilizações que um analista humano poderia considerar.
Assim, uma documentação incompleta ou mal preenchida pode levar à negativa do benefício, mesmo que o trabalhador tenha direito. A automatização pode simplificar processos, mas também torna o sistema menos flexível para casos que exigem maior atenção.
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Todas as solicitações de benefícios devem passar por ele?
Sim, atualmente, todas as solicitações de benefícios previdenciários realizadas no INSS são inicialmente processadas pelo robô.
Isso inclui aposentadorias, pensões e auxílios, entre outros. A ideia é que o robô faça uma análise preliminar dos dados inseridos pelos segurados, acelerando o processo e permitindo que uma grande quantidade de pedidos seja analisada em pouco tempo.
No entanto, essa centralização das análises na inteligência artificial tem gerado discussões sobre a eficácia e justiça do sistema, principalmente em casos mais complexos.
Embora o robô seja responsável pela análise inicial, em alguns casos mais complicados ou que envolvem divergências, pode ser necessária uma revisão manual por um servidor do INSS.
Quando o robô identifica inconsistências ou falta de documentação, ele pode solicitar ajustes ou até negar o benefício de forma automática. Isso significa que, em muitos casos, a decisão pode ser rápida, mas não necessariamente correta.
Os segurados que tiverem seus pedidos negados têm o direito de recorrer e solicitar uma revisão, seja internamente no próprio INSS ou, em casos mais complexos, judicialmente.
Especialistas alertam para a importância de os segurados ficarem atentos aos prazos para solicitar revisões e corrigir possíveis erros no pedido.
Eles também destacam que, mesmo após a concessão do benefício, é possível revisar o cálculo dentro de um período de até dez anos.
Essa revisão pode ser fundamental para garantir que o valor do benefício esteja correto e adequado às particularidades de cada caso.
A automatização do processo pode simplificar o fluxo de trabalho, mas é preciso cautela para que direitos não sejam prejudicados.
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Como fazer com que o robô do INSS aprove com mais facilidade as solicitações?
Para aumentar as chances de aprovação de uma solicitação de benefício previdenciário pelo robô do INSS, é importante seguir algumas práticas que podem evitar problemas durante a análise automatizada.
A primeira dica é garantir que todos os documentos estejam completos e devidamente organizados.
Isso inclui certidões, comprovantes de tempo de serviço e, no caso de aposentadorias especiais, os documentos que comprovam exposição a condições insalubres ou perigosas, como o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Esses detalhes são fundamentais para uma análise correta e justa.
Outra dica é utilizar o sistema digital de forma cuidadosa e detalhada. Como o robô se baseia estritamente nos dados inseridos, qualquer erro no preenchimento pode comprometer o resultado da análise. Por isso, é essencial revisar todas as informações antes de enviar o pedido.
Se necessário, buscar ajuda especializada para preencher corretamente os formulários também pode ser uma boa alternativa. Advogados ou consultores previdenciários podem ajudar a evitar erros que muitas vezes passam despercebidos por quem não está familiarizado com os trâmites burocráticos.
Por fim, caso o benefício seja negado, é importante não desanimar e buscar a revisão o quanto antes. O sistema permite que o segurado apresente recursos para que o pedido seja reanalisado, seja pelo próprio INSS ou por vias judiciais.
Além disso, especialistas lembram que, em caso de negativa, o aposentado ou pensionista ainda pode revisar o benefício concedido nos dez anos seguintes, o que permite correções e ajustes retroativos.
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